domingo, 6 de dezembro de 2009

Porque hoje vou estar assim...

Um blog é para escrevermos, para deixar-mos os nosso pensamentos em palavras escritas e deixadas fluir por nós mesmos...
... e quando não conseguimos escrever aquilo que realmente queremos? Pois, eu sei que está errado, mas por vezes fazemos uma busca na net exactamente com "aquela palavra" que está na nossa cabeça e abrange todos os nossos pensamentos, e depois aparece isto mais ou menos isto:


Sinto a alma quebrar-se em pedaços que me rebentam nas têmporas.

Sinto-me encardida de amor e náusea.

Descubro-te. Desnudo-te. Receio-te.
          Sinto a alma quebrar-se em pedaços que me rebentam nas têmporas.

Sinto-me encardida de amor e náusea.


Descubro-te. Desnudo-te. Receio-te.


Tenho a mente corrompida de tantos gritos e silêncios inesperados.

Não poderei chamar-lhe tristeza. Quiçá uma amarga melancolia. Quiçá uma solidão que se alojou profundo na alma.


Quando a solidão se torna a nossa única esperança de sobrevivência, descobres a tua face no espelho.


E o reflexo nunca é o que esperavas.


Nada na vida é linear.
Os abandonos vivem-nos para sempre gelados nos dedos...

Conheces a traição? A traição da pele. Quando se despe um casaco de amor e se veste uma pele de insinuações e abusos?

Conheces a minha alma?

Tenho as pernas atravessadas de espinhos. Tenho o sangue comido do veneno dos que amei. Tenho o rosto violado das lágrimas, do desespero e da loucura.


Conheces o outro lado do amor?


Vou-te sussurrar um segredo... Queres? A minha poesia é toda ela sentida, é toda ela verdadeira, é toda ela amargura de viver... Sussurro-te... e tu não ouves.


A música desce-me pelos ombros e aquece-me. É fogueira de sentires.

Guardas o meu segredo? Conheces-me e amas-me assim?

Sabes o que é afogar uma criança no mar? Eu afoguei a minha criança no mar, cega de desespero e dor. Eu deixei-a a boiar sozinha nas águas salgadas e revoltas.


Porquê? Porque não podia ser criança.

Mas não contes... não digas a ninguém... Eu ainda tenho medo do exterior.


Eu vivi em mim demasiado tempo para agora sair sem sentir tonturas e me precipitar nos teus braços.


Guardas o meu segredo?


Eu voltei ao mar onde me deixei, mas o meu corpo já não estava lá.


Gritei por mim mas ninguém respondeu.


Gritei por mim e engoli as lágrimas...


Sabes o que é escrever pedaços de ti em papel, arrancá-los de coração?
Sabes o que é chorar sílabas para a brancura imaculada da criação?
Conheces a faca que te rasga o pescoço? Conheces a mãozinha inocente que a segura?
Conheces a traição do amor? Conheces a traição?


Conheces o amor?


Conheces a faca?


Eu afoguei-me...
Eu afoguei-me em palavras e poesia.

Eu perdi-me... mas ainda assim ganhei-me outra vez pela palavra, pelo segredo...

Vamos fingir que é tudo mentira, agora.

Vamos fingir que a minha vida é poema.

Vamos atirar conchas ao mar.

Vamos fugir daqui para sempre.

Vamos recriar-nos em nós...


Guardas o meu segredo?


Morri a tentar afogar-me no mar.
Onde vivo agora, não sei.
Onde moro dentro da minh'alma?

Existem tristezas tão profundas que se recusam a sair cá para fora.
Vivem em nós para sempre. Abraçadas ao nosso coração.


Vamos morrer no mar...

Amanhã renascemos abraçados, nus, perdidos, (in)felizes?





Não é para ti, nem para ti, nem para ti, para ninguém ...
É para mim, para tentar desvendar segredos, medos, esperanças, vida, amor...tantos e tantos sentimentos, gestos e acções...



Porque hoje vou estar assim... em casa...apenas porque chove lá fora e me apetece estar na "ronha".

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